Jacutinga é uma das espécies ameaçadas. – Foto: Divulgação Parque das Aves
De H2Foz / Por Denise Paro O projeto de conservação do Parque das Aves “Voa, Jacutinga” recebeu certificação internacional da Associação Latino-Americana de Zoológicos e Aquários (ALPZA). O anúncio foi feito dia 18 de outubro.
O foco do projeto é a jacutinga, ave nativa, ameaçada de extinção e endêmica do bioma da Mata Atlântica. Além do Brasil, ela está presente no Paraguai e Argentina.
“Estamos muito felizes, pois essa certificação vem coroar nossos esforços de conservação com uma espécie muito emblemática da Mata Atlântica, a jacutinga (Aburria jacutinga), que vem sofrendo com o desmatamento e a caça e, por estes motivos, já desapareceu em algumas áreas de ocorrência iniciais”, comenta Paloma Bosso, diretora-técnica do Parque das Aves.
Paloma informa que há anos o Parque das Aves reproduz a espécie seguindo padrões técnicos de excelência baseados no One Plan Approach, abordagem integrada do planejamento da conservação de espécies com estratégias de manejo e ações que levam em consideração todas as populações da espécie.
A ALPZA considera projeto de conservação um conjunto de iniciativas que se mantenham ao longo do tempo e busquem a sobrevivência em longo prazo de populações e espécies nos respectivos habitats naturais. Um projeto de conservação precisa atender a 16 itens e outros subitens para receber a certificação da ALPZA.
A jacutinga integra do bioma da Mata Atlântica. – Foto: Divulgação Parque das Aves.
Em perigo de extinção (EM), a ave está na Lista Vermelha Global da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) e na Lista Nacional Brasileira, como resultado da perda e fragmentação do seu ambiente de ocorrência natural, de caça e da degradação da floresta. Um dos motivos que desencadeiam tal perda é a superexploração de palmito-juçara (Euterpe edulis).
A jacutinga é uma espécie cinegética, ou seja, vítima intensa de caça. Também sofre drasticamente com o desmatamento da Mata Atlântica, que acaba reduzindo fontes alimentares das aves, incluindo o palmito-juçara, explica Paloma.
Regionalmente, a jacutinga já é considerada extinta em algumas áreas, porém no Parque Nacional do Iguaçu consegue reproduzir-se porque a área é protegida. Lá, visitantes conseguem observar a ave.
O projeto do Parque das Aves integra métodos ex situ, isto é, sob cuidados humanos, e in situ, no ambiente de ocorrência natural, para trabalhar a melhora do status populacional da jacutinga.
A ave está no plantel do parque desde 2000 e, ao longo desse período, quase uma centena de filhotes da espécie nasceram sob cuidados humanos.
No Parque das Aves, frisa Paloma, a equipe trabalha a reprodução estratégica da jacutinga, que é criada de modo natural pelos pais. As aves crescem em ambientes dinâmicos, que rementem ao habitat natural delas. Isso favorece o desenvolvimento de comportamentos da espécie.
Essa estratégia faz com que os pássaros estejam mais acostumados à reintrodução no ambiente de ocorrência natural.
A certificação de projetos de conservação da ALPZA surgiu em 2010, como iniciativa do Comitê de Conservação, com o intuito de oportunizar a revisão do desempenho das práticas de preservação adotadas pelos membros da associação, assim como aumentar a visibilidade desses esforços.
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