Águas plácidas, numa cena bem diferente da normal para aquele que é o segundo maior rio da América do Sul em extensão (superado apenas pelo rio Amazonas) e o décimo do mundo em vazão de água. (Fotos: Marcos Labanca)
A seca do Rio Paraná, que já é uma das piores da história, permite até que se atravesse a pé, da margem brasileira à ilha de Acaraí. Com água no máximo até as canelas.
Para os moradores, isso é diversão que resulta desta estiagem. Mas o mais divertido, mesmo, é procurar “tesouros” no leito seco do Paranazão.
Mais perto da Ponte da Amizade, o leito seco do rio mostra um pouco de tudo. Desde relógios até celulares, passando por um jet ski e lanchas. Até o que hoje é uma carcaça de Kombi foi encontrada no local.
Esses materiais todos foram lançados fora por contrabandistas, flagrados pela polícia brasileira quando atravessavam a muamba do Paraguai para cá. Provas do crime, ia tudo pro fundo do rio, que agora “devolve” pra quem quiser.
O cenário perto da Ponte da Amizade é, na verdade, assustador, porque mostra um dos efeitos das mudanças climáticas no mundo, capazes de provocar enchentes num ano e secas terríveis, como a atual, em outro.
Há promessas de chuva na região, entre esta segunda-feira, 13, e terça-feira. Se se confirmar, pode ser que o cenário mude rapidamente. Por isso, é preciso cautela ao ficar nas imediações do (ex?) Paranazão.
Veja agora como está o segundo maior rio da América do Sul, com a seca que o fez virar riacho, nas imagens de Marcos Labanca.
As imagens de hoje lembram as publicadas nos jornais em outubro de 1982, quando a Itaipu fechou as comportas para formar seu reservatório.
Em 18 de outubro de 1982, a Tribuna do Paraná, de Curitiba, (à esq.), mostrava o Paranazão quase seco, quando Itaipu começou a formar seu reservatório.
Abaixo da usina, naquele ano, a paisagem mudou radicalmente: “Represado, Rio Paraná é remanso de água suja”, mancheteou o jornal O Estado do Paraná, na época. O jornal não existe mais. A bela manchete ficou pra história.
O rio Paraná (“como o mar” ou “parecido com o mar” em tupi) é vítima da longa estiagem em suas cabeceiras, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. (Foto droner: Marcos Labanca)
As cenas de agora não estão muito diferentes das vistas naquele outubro de 1982. Mas já não é por ação do homem. É mesmo a falta de chuvas, que ocorre em toda a bacia do Rio Paraná e, inclusive, afeta seus principais afluentes abaixo de Itaipu, os rios Iguaçu e Paraguai, também secos.
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