A peça “3 de fevereiro: Celebração?” será apresentada ao público neste sábado, dia 6, em Ciudad del Este. Os ingressos para a estreia já estão esgotados. O trabalho que propõem inovações na dinâmica e linguagem, aborda um momento doloroso da história do Paraguai: a ditadura de Alfredo Stroessner.
Para o desenvolvimento da obra, a Casa Alamanda, um espaço de fomento à arte, localizada no bairro Operário, em Ciudad del Este, contou com uma intervenção artística e arquitetônica. Não será um teatro tradicional com camarote e assentos, ou atores atuando em um palco. Será uma Cerimônia de Teatro Itinerante que implica que os espectadores entrarão na casa totalmente ambientada e poderão interagir com os atores em um tour de 10 estações, desde a calçada até o fundo do pátio.
Este trabalho é uma co-produção entre o Cast Theatre Lampium e El Puente-Comunicación Sin Fronteras. Conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Ciudad del Este, que declarou o fato de interesse municipal, da Prefeitura de Presidente Franco e de diversas empresas que confiaram no projeto.
Teatro inclusivo
A inédita apresentação teatral está sob a direção do hispano- argentino Mario Vedoya, que explica porque a peça é inclusiva. “Mais do que tudo porque foi pensado para ser usufruído por pessoas com deficiência visual e auditiva, ou seja, essas pessoas poderão desfrutar da experiência como qualquer outra pessoa”, explica.
Raquel Bareiro, coordenadora geral da produção, também comentou os motivos para adaptar a obra e faze-la inclusiva. “No começo me ocorreu como uma experiência a mais, já que a tempos que queria fazer algo assim, inspirada em outros países. É óbvio que não cumprimos com tudo o que se necessita para isso, mas não deixamos de tentar. E logo com o passar do tempo este detalhe se converteu em um dos principais objetivos da obra, a ideia é que se faça costumeira a inclusão e a equidade na arte em geral”, ressalta.
Soleil Victoria Arguello García, deficiente visual e assessor de inclusão da equipe de produção, comemorou a iniciativa do elenco. “É um precedente histórico, é a primeira vez que uma obra teatral é realizada cumprindo a cota de inclusão”, garantiu e destacou a importância que esse tipo de representação venha acompanhado de uma obra tão importante. “É uma honra que uma obra com tanta carga histórica chegue em um formato acessível a todas as pessoas independente de sua condição”, disse.
A obra conta com ajustes de acessibilidade, disponibilizará material feito em código Braille e tem configuração acústica envolvente, além de narração descritiva.
A obra foi construída com base em livros e pesquisas realizadas na era ditatorial. (Foto: divulgação)
Os ingressos para a estreia já estão esgotados. Já os acessos para as funções de 7, 13 e 14 de fevereiro estão disponíveis. Devido ao atual protocolo de saúde para a prevenção da Covid-19 encampado no Paraguai, apenas 75 pessoas poderão assistir a cada função da peça. A classificação do espetáculo recomenda que ele é adequado para maiores de 18 anos.
Os ingressos têm um custo de 40 mil guaranies em compra antecipada e Gs. 50.000 no dia. Ao câmbio fronteiriço, algo em torno de 30 reais. A produção pede veementemente ao telespectador que compareça às 19h30 (meia hora antes) do evento marcado para as 20h para o agendamento exigido pelo Protocolo de Saúde e uma boa organização que permita o acesso respeitando a distância física.
Em Ciudad del Este, os ingressos são vendidos no Arapy Personalizados, no Plaza City (Ex Jesuítica Shopping) a km. 8 com número de contato (0973) 635653 e na Revista Nippur do Shopping Zuni 3er. Andar com número (0973) 610-480. Também em La Bendita- Mercado Boutique na área 4, na Avenida Capitán del Puerto com o número de contato (0973) 527-334. Também na Casa Alamanda no bairro Obrero com o número (0973) 120-412 e seu Bar Fondo a la Derecha com o número (0984) 724-772.
Grafite de Daniel Martínez em um dos cenários da peça “3 de Fevereiro – Celebração?” (Foto: divulgação)
Os organizadores do espetáculo preferem chamar de “cerimônia teatral itinerante o espetáculo que estreia neste sábado. A peça se desenvolve em 10 estações, onde os atores terão interação direta com o público que também poderá acessar a documentos e objetos relacionados com a temática. A autora do texto é a atriz e professora de teatro, Lisa Vecca. Ela também é a protagonista principal em “3 de Febrero, Celebração?” .
O espaço também foi todo desenhado para possibilitar a dinâmica da peça. Adaptações foram feitas na casa e seu quintal, produzindo um cenário que reúne esforços como o de Daniel Martínez. Ele é um reconhecido artista visual da Ciudad del Este, admirado pelos seus grafites. Daniel colabora com o design de um “chapeuzinho vermelho” que fará parte de uma das cenas. A referência a personagem da literatura se faz pela cor de veículos usado pela polícia durante a ditadura stronista.
O ditador Alfredo Stroesnner tomou o poder no Paraguai em 1954 e o manteve através de intensa repressão política até 1989.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.