“Estranhas” e “A Moscou! Um Palimpsesto” (Divulgação)
O Festival de Teatro Virtual da Funarte segue com a agenda de espetáculos da região Centro-Oeste do país, na quinta e última etapa da programação. Nesta quinta-feira, 21 de outubro, a partir das 18h30, a Fundação apresenta Estranhas, do Espaço f/508 de Cultura. A obra explora as novas formas de se comunicar e fazer arte. Na sexta, dia 22, será exibido A Moscou! Um Palimpsesto, da S.A.I – Setor De Áreas Isoladas, uma releitura do clássico As três irmãs de Anton Tchekhov.
As duas obras, da Capital Federal, poderão ser acessadas em .
O Festival de Teatro Virtual da Funarte conta com cinco montagens de cada região do país, contempladas no Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. Com a programação da região Centro-Oeste, o festival chega ao fim no dia 28 de outubro, quinta-feira.
Estranhas, do Espaço f/508 de Cultura, foi idealizado por Monica Nassar, Beta Rangel e Renata Soares, que atua no espetáculo diretamente dos Estados Unidos. O objetivo da obra era explorar outras formas narrativas entre arte, virtualidade, comunicação e tecnologia. Na experimentação cênico-virtual, duas atrizes abordam potencialidades e meios de interação não-presenciais, na pandemia.
Indicado a maiores de 14 anos, o trabalho tem direção de Jonathan Andrade. “Em um mundo distópico, de humanidades frágeis, duas presenças desafiam as possibilidades de conexão. Amar pode ser um ruído”, diz trecho da sinopse.
“Apreciamos a atuação e empenho da Funarte que, mesmo em situação de calamidade pública ante a covid 19, criou um Festival que foi fundamental para a manutenção da cultura nacional, contribuindo com grupos de todo o Brasil”, comenta Monica Nassar.
Já A Moscou! Um Palimpsesto, da S.A.I – Setor De Áreas Isoladas, buscou oferecer uma reescrita contemporânea do clássico As três irmãs, de Anton Tchekhov. Em um diálogo entre o teatro e a música, quatro atrizes e dois músicos se propuseram a compor a sua versão do drama. A peça explora a dificuldade de resistir à erosão da vida e dos sonhos pela ação do tempo. “Revisitando o drama dos 4 irmãos tchekhovianos que sonham em voltar para Moscou, o paraíso perdido, sem nunca conseguir, deparamo-nos com questões que dialogam perfeitamente com nosso aqui e agora”, explica o grupo.
O espetáculo, também indicado a maiores de 14 anos, tem direção de Ada Luana. “Nossa vontade não foi a de responder a nenhuma das questões cáusticas levantadas pela peça de Tchekhov. Mas, antes, de confrontá-las ao nosso aqui e agora e relançá-las ao público de hoje”, explica Ada Luana. “Uma pandemia se instalou e nos mostrou ainda mais claramente como nos tornamos náufragos de nossos falidos sistemas políticos e nos vemos, tal qual os heróis de Tchekhov, segregados entre degradados e degradadores”, completa.
Para o grupo, o Festival de Teatro Virtual da Funarte foi uma oportunidade para artistas do teatro brasileiro de manter os repertórios vivos e circulando nacionalmente, com a possibilidade ainda de estabelecer um intercâmbio com outros profissionais da cena. “A empreitada também contempla de maneira eficaz e abrangente o público de teatro que ainda está praticamente sem acesso às produções teatrais ao vivo”.
Sobre o Festival de Teatro Virtual da Funarte
A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias. “Ele foi elaborado em meio a pandemia como uma saída, uma alternativa de fomento à classe artística, contemplando não apenas os artistas, mas também os técnicos”, declara Renata Januzzi, coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte. Com o festival, a Fundação busca ainda estimular a democratização e acessibilidade à linguagem artística.
O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis para o público após a exibição.
Renata Januzzi ressalta a força histórica do teatro, que hoje enfrenta mais um desafio para se manter presente. “O teatro é uma arte milenar e vem sobrevivendo a diversas ameaças de extinção. Dentre elas, a tecnologia, que já foi uma dessas ameaças, surge agora como uma solução de fomento a uma linguagem tão artesanal.”
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