O equipamento já está sendo usado no monitoramento do ambiente em comunidades cariocas. (Foto: Thiago Firmino)
Cientistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) desenvolveram um aparelho móvel e de baixo custo que mapeia a carga viral da COVID-19 no ambiente. O “Coronatrack”, como foi nomeado, é um equipamento criado pelas equipes do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg).
Segundo os pesquisadores o objetivo é que o aparelho possibilite o próprio usuário monitorar a carga viral dos locais por onde costuma circular, como residências e local de trabalho. Informações divulgadas pela UERJ dão conta que o protótipo do “Coronatrack” custou R$ 200, enquanto modelos importados, que funcionam de forma similar, custam em média R$ 4 mil.
“O equipamento tem uma mini-bomba de ar, que você coloca numa caixinha presa no seu cinto. É ligado em uma mangueira que vai presa na sua gola, crachá ou bolso. Nessa extremidade o sistema captura o vírus, quando ligo a bomba ele vai aspirar o ar em volta de você. Ele vai concentrando o vírus e no fim do expediente aquele material com o vírus acumulado é levado ao laboratório para ser analisado”, explica o professor de Biofísica na UERJ, Heitor Evangelista.
O “Coronatrack”, desenvolvido pela Uerj. (Foto: divulgação)
De acordo com o professor, o sistema é similar ao utilizado na mineração para monitorar partículas de poeira no ar, durante uma escavação. “O vírus está ligado às partículas no ar, ele não fica livre, ele se agrega às partículas que já estavam no ar e você inala tudo junto”, detalha o pesquisador. Por sua facilidade de manuseio, “esse equipamento pode ser usado em qualquer circunstância, onde tem um trabalhador ou um usuário num ambiente em que circulam várias pessoas. Uma loja, uma academia, se reabrir um cinema, uma escola, qualquer lugar. Tudo isso pode ser feito porque ele é portátil e individual”, conta Evangelista, um dos desenvolvedores do “Coronatrack”. Segundo ele, com isso é possível mapear a concentração de vírus na cidade, através de amostras de ar colhidas em determinados locais e trajetos, como a porta de hospitais. Hoje, um protótipo também é utilizado no Hospital Universitário Pedro Ernesto ( HUPE), da UERJ.
Segundo o pesquisador, o aparelho da UERJ também pode ser utilizado para solucionar as questões da subnotificação de casos de COVID-19. Isso porque os cientistas e autoridades de saúde teriam uma melhor noção sobre as regiões mais perigosas para a COVID-19, a partir das medições do aparelho. Assim, poderiam intensificar testes em determinado local e ampliar medidas de isolamento de forma localizada.
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro sugere que a “Petrobrás poderia muito bem incentivar esta pesquisa desenvolvida na UERJ e adquirir equipamentos deste tipo para realizar uma efetiva monitoração nas Unidades da companhia”.
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