Gabriel e Talita, além de seus colegas estudantes de Medicina, têm ofertado serviços e conhecimentos no cenário iguaçuense da pandemia. (Fotos: Assessoria Unila)
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Seis estudantes da UNILA participaram de cerimônia de colação de grau em gabinete na manhã desta sexta-feira (26). Formaram-se as estudantes Mayra Ribeiro de Souza, do curso de Administração Pública e Políticas Públicas; Diana Carolina Mancera, de Arquitetura e Urbanismo; Vitória Rosset, de Ciências Biológicas; e Shirley Carla Espejo, de Engenharia de Energia. Também colaram grau dois discentes do curso de Medicina – Talita Mota Ferraro e Gabriel Felipe Tomazini – que se formam antes do previsto, com base em medida provisória que permite antecipar a formatura, para atuação no combate à Covid-19. Os discentes estavam no último ano de internato e cumpriram todas as exigências legais e institucionais para, assim, graduarem-se em meio à pandemia.
. A baiana Talita e o paranaense Gabriel chegaram em 2014 à UNILA e saem como profissionais da área médica, com responsabilidades e desafios de serem da turma de pioneiros na Universidade. “Foz do Iguaçu não tinha um curso de Medicina, somos a primeira turma, em uma Universidade que é nova. Então há todos os desafios disso. Mas acho que havia um comprometimento na construção do curso e na inserção e contribuição nos espaços da cidade”, avalia Talita.
“Por sermos estudantes da primeira turma, foi como um dever nosso de estudante fazer um bom estágio, ser um bom aluno e ter um bom comportamento – com um atendimento qualificado, empático e humanizado à comunidade, até mesmo para que houvesse a permanência de demais estudantes [nos espaços de atendimento], nos próximos anos. Eu e meus colegas fizemos isso com muito zelo e cuidado”, avalia Gabriel, destacando o comprometimento de um trabalho coletivo.
O discente salienta, ainda, que a formação na UNILA tem como diferencial um aprendizado de tratar o paciente com um olhar humanizado. “Durante todo o curso, enfatizou-se o valor do atendimento humanizado, do profissional com pensamento biopsicossocial, que enxerga que o paciente precisa de cuidados que vão além do serviço biomédico, da medicação ou de um procedimento cirúrgico. Precisa de um médico que saiba ouvir, examinar e avaliar esse paciente como ser holístico, integralizado, com várias demandas, que não são só médicas”, explica Gabriel.
Os estudantes de Medicina da primeira turma percorrem o final de uma graduação em um cenário de pandemia, que os coloca diante de desafios singulares. “É uma responsabilidade muito grande. É tudo muito novo. Diariamente a gente já tem o peso da responsabilidade, [para lidar] com doenças que são conhecidas, e ficamos preocupados com doenças que são novas, que precisam de mais estudos, mais evidências”, afirma Talita.
“É preocupante, porque agora vamos tomar a linha de frente efetivamente, cumprir as responsabilidades como médico. Como o cenário tende a piorar, pelas estimativas, me encontro numa incógnita por não ter total conhecimento até onde está a capacidade do serviço de saúde federal, estadual e municipal de oferecer a qualidade de proteção individual e para os pacientes; se as equipes estarão preparadas pra seguir os protocolos adequados; e se haverá infraestrutura adequada e recursos humanos preparados para enfrentar a epidemia”, coloca Gabriel (à esq).
Neste cenário de pandemia – de incertezas e responsabilidades – e ao longo da formação médica, Talita e Gabriel, além de seus colegas estudantes de Medicina, têm ofertado serviços e conhecimentos com atuação no Hospital Municipal, nas unidades de saúde, pronto atendimento, enfermaria e outros locais estratégicos, em prol da saúde da população de Foz do Iguaçu.
“A gente é formado em uma universidade federal, atua no SUS, na saúde pública, e nossos estudos são bancados pela educação pública, por nossos impostos. Acho que esse retorno para a sociedade é muito importante”, avalia Talita. “Tem sido admirável a atuação dos estudantes de Medicina, com um serviço acelerado de progressão e qualificação. Os estudantes estão somando, construindo e qualificando o serviço e a gestão do serviço”, avalia Gabriel, referindo-se aos trabalhos em tempo de pandemia.
Ao longo da sua trajetória de graduação, Talita (à esq.) conta que passou pelo Centro de Nutrição, por Unidades de Saúde e pelo Hospital Municipal. Também atuou em projeto de extensão em educação popular em saúde, no bairro Cidade Nova. “Trabalhamos conceito de saúde, equidade, participação popular. Trabalhamos o empoderamento popular, a importância da atuação de cada indivíduo dentro da sua comunidade, na promoção da saúde”, relata. Uma trajetória construída que despertou nela uma vontade de seguir atuando dentro da área da Medicina de Família e Comunidade.
O colega Gabriel, por sua vez, atuou em unidades básicas, com atendimento em atenção primária à saúde, e também na área da urgência e emergência. Passou também por monitorias, projetos de extensão e de pesquisas na Universidade. Ele conta que ainda não tem certeza se irá seguir o caminho da Neurologia Clínica ou Cirurgia Geral, mas sai da Universidade com a certeza do papel social que pode desempenhar. “Nós temos uma função nesta sociedade, temos que pensar coletivamente. Ser médico, neste cenário atual, é ter responsabilidades imensas como cidadão e profissional, compromissos, deveres e empatia pelo próximo”, aponta.
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