Este ano a Unioeste foi a instituição responsável pela realização das provas do Vestibular dos Povos Indígenas – Fotos: divulgação
Uma das características do Vestibular dos Povos Indígenas é que a cada ano uma instituição paranaense fica responsável por coordenar todo o processo de realização das provas, e nesta edição a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) esteve à frente desse importante momento de inclusão e aproximação com a educação superior.
No primeiro dia de prova os candidatos foram avaliados com uma prova oral de língua portuguesa, já na segunda-feira, foi realizada a redação, provas objetivas de interpretação de textos, língua estrangeira moderna ou língua indígena, biologia, física, geografia, história, matemática e química.
Os candidatos inscritos no vestibular concorrem a uma das 52 vagas oferecidas em uma das sete universidades estaduais do Paraná ou ainda na Universidade Federal do Paraná (UFPR) – a escolha da instituição é feita no ato da inscrição, já a decisão de qual curso seguir acontece conforme a classificação.
De acordo com a coordenadora do XXIV Vestibular Indígena, Janete Ritter, os 596 inscritos para o Vestibular dos Povos Indígenas também podem prestar o vestibular regular da Unioeste, e assim aumentar a chance de estudar em uma instituição de ensino superior pública do Paraná. As provas da Unioeste serão realizadas no dia 15 de dezembro.
“Para muitos indígenas esta é a grande oportunidade da vida deles, e em tempos de corrida pela busca do ensino superior, esse vestibular unificado e específico, vem de encontro com este interesse. E prova dessa vontade é que mesmo sem tabular os dados oficialmente, já podemos constatar a baixa taxa de evasão”, explicou Janete.
Existe uma preocupação em manter esses universitários na Unioeste durante o período de graduação, os aprovados pelo Vestibular Indígena têm direito a uma bolsa que é paga durante todo o período que ele se mantém na Universidade. O valor pode variar e no caso de mulheres com filhos o valor da bolsa é maior.
O Vestibular dos Povos Indígenas é uma política pública da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com a universidades estaduais e a UFPR – Universidade Federal do Paraná.
Povos Indígenas na Unioeste
A inserção da população indígena na Unioeste é uma prática incentivada e fomentada nos últimos anos
Ádana Garigsãnh Bernardo, 21 anos, é indígena kaingang, cursa o segundo ano de Medicina na Unioeste e quer levar para a aldeia aquilo que vive na universidade “Eu quero ser médica, médica para minha aldeia, médica para meu povo. Quando eu era pequena e passava pelas dificuldades lá na aldeia não imaginava estar aqui. Nem consigo expressar”.
A acadêmica de medicina viveu a vida toda na aldeia Originária da Terra Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras e ao ver o nome na lista de aprovados entendeu que estava frente a frente com uma grande oportunidade “Estudar para mim foi um meio de libertação. Quando vi meu nome na lista de aprovados, queria explodir de felicidade. Agora vou me dedicar para conseguir terminar o curso e atuar dentro da minha aldeia, atendendo minha gente. Meu povo. Ser médica lá onde elas estão e vivem suas dificuldades” .
A inserção da população indígena na Unioeste é uma prática que vem sendo incentivada e fomentada nos últimos anos de maneira mais atuante, inclusive com o investimento de políticas para que esses graduandos se mantenham na universidade.
Atualmente a Unioeste conta com 32 alunos indígenas matriculados nos Campi de Cascavel, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon.
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