Fica quietinha que a mãe vai tomar um banho. A mãe foi no salão fazer as unhas. Liga depois que a mãe tá dormindo. Foi no shopping. Agora não que a mãe tá cansada. Foi na farmácia. Tua mãe não foi na reunião dos pais? Comprou um vestido novo pra ir pro trabalho. A mãe não foi ao supermercado. Vai chegar mais tarde hoje. A mãe esqueceu que era o aniversário.A mãe não vem no fim de semana. Comprou sandálias roxas pra ir pro trabalho. A mãe não apareceu desde quinta. A mãe foi passar as férias com o gerente. A mãe nunca mais saiu da banheira. Manusear de peças raras. Manhã, eu me alimento de esferas. Os procedimentos os uivos as presas umedecidas, tudo talvez me torne recipiente e reconheço um brilho e um lapso. Tarde, talvez alguém impermitido sobe essa escada, os estreitos os sons são conversíveis.Não velo coisas que entristeçam. Penso ampliamentos. Uma voz não areada liga. Ligará de novo depois das cinco das dez das quinze e novamente. Conteúdo: relógio, voz, jades e embrulhos. Fim da tarde, as formigas voltam. Voltam lembranças imparcializadas. Eu tive medo alguma vez confesso. As imagens são impenitentes. Obstinei em águas e lençóis moídos. Rasguei o almanaque sem nenhuma pressa. As traças solfejaram uma canção francesa. Colecionei matérias desusadas. Supõem-se muito pouco depois da sopa do vinco do soluço do esmalte do verniz do betume. do sangue Teu pai é um cafajeste. Teu pai é aquela estrelinha ali, tá vendo? Teu pai era lindo. Teu pai sabia falar inglês. Teu pai tinha uma casa enorme naquele bairro chique. Teu pai pilotava avião. Teu pai adorava esquiar. Teu pai trabalhou de garçom por dois anos naquele restaurante ali, tá vendo? Teu pai tinha olhos verdes lindos. Teu pai não tinha um dente na boca. Teu pai sempre me mandava flores. Nem pra te dar um sobrenome, aquele desgraçado do teu pai. Come o bolo. Para de fazer essa cara de choro. Por que está olhando pela janela?
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