Um fama anda pelo bosque e embora nãoprecise de lenha olha ambiciosamente para asárvores. As árvores sentem um medo terrívelporque conhecem os hábitos dos famas etemem o pior. Entre elas há um belo eucalipto,e o fama ao vê-lo dá um grito de alegria edança trégua e dança catalã em torno doperturbado eucalipto, dizendo assim:— Folhas antissépticas, inverno com saúde,grande higiene. Puxa um machado e bate noestômago do eucalipto sem se importar comnada. O eucalipto geme, mortalmente ferido, eas outras árvores escutam o que ele diz entresuspiros:—Pensar que este imbecil não precisava maisdo que comprar umas pastilhas Valda.
Júlio Cortázar, escritor argentino. (1914-1984). Extraído do livro “Histórias de Cronópios e Famas”
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