Um dia a gente acorda e percebe que mudou, depois de levar muita porrada e ter os ossos moídos junto aos sonhos. Um dia a gente acorda e percebe que nem toda mudança precisa ser amarga, embora o que nos mova quase sempre seja a dor, esta parceira do imprevisto…Um dia a gente acorda e descobre do lado do avesso um espaço zen, uma espécie de paz interior que nos adula e acaricia, como se a mãe voltasse a nos pegar no colo. Neste dia, inexplicavelmente, decidimos que o melhor a fazer numa manhã é plantar um girassol só para ver, dali a um tempo, sem angústia, dilema ou rejeição, que a vida dança a dança dos dervixes… e que a nossa entrega à vida é um ritual sem hoje nem amanhã. A felicidade pode ser o ato de movimentar-se como os girassóis, para lá e para cá, só pra ver onde começa e onde termina o dia… sem pressa. Os acontecimentos não nos pertencem.
_______________________ Célia Musilli é jornalista e escritora em Londrina, Pr. Texto publicado na escrita 13.
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