O lançamento da campanha será nesta terça, 22, na sede do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu, na Vila A. Aberta ao público, a reunião está marcada para as 17 horas e discutirá a preservação da área remanescente de mata nativa no centro da cidade.
Cravado em uma área de 4,5 hectares no centro de Foz do Iguaçu, o Zoológico Bosque Guarani já conta 25 anos desde a sua criação. Em fevereiro de 2017, com uma série de três artigos para o site Guatá, a fotojornalista Áurea Cunha resumiu a história do espaço público.
No início dos anos 90 do século passado, o que hoje é o Zoológico Bosque Guarani, não passava de uma área verde sem grandes cuidados. Virava aos poucos depósito de lixo e de problemas. A área resguardada, que pintava de verde um pontinho do centro nevrálgico da cidade, havia sido entregue ao patrimônio público décadas antes por uma das grandes empresas extrativistas do ciclo da madeira no Oeste do Estado. Tanto quanto esquecida pela oficialidade, aos olhos mercantis, crescia como uma preciosidade a ser (de)lapidada. A área inspirava a ganância e a especulação, devido à sua importante localização no mapa urbano do Município.
Quem conta um pouco desta história é o jornalista e ativista dos Direitos Humanos, Aluízio Palmar. Ele que foi secretário municipal de Meio Ambiente, no segundo ano do mandato de Dobrandino Gustavo da Silva, prefeito da cidade entre 1993 e 1996, um momento decisivo para a história da pequena reserva natural.
Palmar conta que à época, havia uma sondagem que chegava até o poder municipal, da possibilidade de se vender aquela área para a iniciativa privada. Afinal, sua localização tão nobre do centro de Foz despertava o interesse do setor imobiliário. No entanto, sendo uma área pública, precisava passar pelo que se chama de desafetação, um instrumento jurídico pelo qual o Estado torna um bem público apropriável e disponível para a venda.
Nesse meio tempo, entrou em cena um movimento composto por ambientalistas da Adeafi – Associação de Defesa Ambiental de Foz do Iguaçu, então presidida pelo jornalista Adelmo Miller. Uniram-se à entidade ecológica, políticos e cidadãos simpatizantes da ideia de manter o bosque como patrimônio público. “Juntou a força dos conservacionistas, Adelmo e companhia, a outros políticos simpatizantes e eu peguei a ideia e levei até o prefeito”, explica.
“O zoológico foi uma consequência da tentativa de se preservar o bosque. Para neutralizar àqueles que defendiam que o Município deveria abrir mão do espaço, precisava-se ocupar efetivamente o Bosque. Pois transformá-lo apenas em um lugar de passeio, não seria suficiente para impedir a ofensiva da ideia de vender. Os animais, afinal, acabaram ajudando para que a área não virasse especulação imobiliária. Se não saísse o zoológico a área seria vendida e seria o fim daquele remanescente de mata e das nascentes que existem ali”, completa Palmar. (Texto e fotos de Áurea Cunha)
. Leia mais, aqui: Bosque Guarani, memórias para se contar.
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